Um homem quer pedir um aumento e fica às voltas com as diversas reações que podem surgir a partir do momento que ele encarar seu chefe. A situação vira uma grande atuação de Marco Nanini na peça A arte e a maneira de abordar seu chefe para pedir um aumento, que estará em cartaz nos próximos sábado e domingo, no palco do Teatro Santa Isabe, no Recife. Longe da dramatização e da ironia do espetáculo, no mundo real esse momento também leva muitas dúvidas ao empregado. Para os especialistas, quem tem resultados a mostrar e coragem de enfrentar o desafio tem mais chances de sucesso.
O texto da peça estrelada por Nanini e dirigida por Guel Arraes é do francês Georges Perec (1936-1982). No monólogo, um homem apresenta um complexo e irônico organograma sobre as possibilidades de sucesso e fracasso na angustiante missão de pedir um aumento de salário. Embora a encenação zombe um pouco da vida moderna e do mundo corporativo, o ilustrador Pedro, 32 anos – que pediu para não ter a verdadeira identidade revelada –, viveu um pouco dessa situação na empresa em que trabalha.
“Eu trabalhava lá há três anos e o meu salário era o mesmo, quando a expectativa era de que melhorasse em um ano”, conta. Após refletir sobre como isso estava afetando não apenas suas contas, mas seu investimento na carreira, que inclui viagens a outros Estados para cursos e compra de material específico, resolveu ir até o chefe. “No meio do expediente avisei que queria conversar e, depois, esperei todo mundo ir embora e falei com ele”, diz o ilustrador, que saiu da conversa com uma remuneração 20% mais alta. Ele admite que contou a seu favor o fato de seu superior ser um gestor acessível, embora muito ocupado e constantemente fora do escritório. “Mesmo assim eu fiquei um pouco inseguro em pedir, porque tenho filhas e se houvesse qualquer conflito, como uma demissão, seria prejudicado. Mas pensei que patrão nenhum tem que demitir empregado que quer crescer”, relata.
Gerente da empresa de consultoria e recrutamento Michael Page, Leandro Pedrosa diz que ter coragem de encarar o chefe é um dos principais pontos em que muitos profissionais falham na hora de requerer um salário melhor. “A maioria se considera mal remunerada, mas não se expressa e acumula insatisfação”, comenta o executivo. Ele comenta que essa decepção que vai se avolumando pode acabar gerando uma pressão mal administrada e fazer a pessoa pedir o aumento na hora e de forma erradas.
Entre as dicas que ele dá para que esse momento seja tranquilo e com um final feliz (veja abaixo), Leandro aconselha que seja feita uma autorreflexão primeiro, para saber se o reajuste é, de fato, merecido. “Se você mostra que já alcançou metas, mostra resultados e que seu trabalho realmente é um diferencial para a empresa, esse é o momento”, orienta. Ele comenta que, embora a conjuntura econômica prevista para este ano não seja exatamente a mais favorável para as companhias, uma melhoria salarial é algo muito particular, que parte muito mais da posição do funcionário dentro da empresa. “O contexto externo conta muito, não adianta pedir em um momento em que o empregador está em baixa. Mas vai muito a partir de como esse profissional está alinhado com o momento da empresa.”
Prepare-se para pedir o aumento
– Procure manter um canal aberto com o seu chefe para assuntos como esse
– Tenha certeza de que seus bons resultados apoiam o seu pedido
– Não faça o pedido por email, prefira pessoalmente
– Pense em qual é a sua proposta: deve estar sempre alinhada ao mercado
– Não use só motivações pessoais como argumento (ex.: “Vou casar” ou “Vou ter um filho”)
– Tenha a conversa com seu chefe em particular
– Use sempre o bom senso para escolher o melhor momento
com informações do site jconline.ne10.uol.com.br