Boletim Econômico – Março 2023

 em Análise Econômica Regional

TERMÔMETRO DA ECONOMIA
Mercado Imobiliário

 

O mercado imobiliário brasileiro teve um desempenho excelente em 2022, mesmo em meio às incertezas econômicas e à retomada de grandes eventos nacionais e internacionais.

Dados da Abrainc mostram que, nos dez primeiros meses do ano passado, foram comercializadas 133.891 unidades, um aumento de 11,9% em relação ao mesmo período de 2021. As vendas de imóveis de médio e alto padrão cresceram 81% com a comercialização de 38.943 unidades.

O segmento de luxo já representa 29,8% de todos os imóveis vendidos no Brasil. O programa habitacional Casa Verde e Amarela, agora novamente chamado de Minha Casa Minha Vida, registrou um total de 91.924 moradias comercializadas.

O valor total de financiamentos imobiliários com recursos do SBPE nos últimos 12 meses foi de R$ 181,9 bilhões, financiando 728,6 mil imóveis. O Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi), divulgado pelo IBGE, fechou o ano de 2022 com alta de 10,9% — segunda maior taxa desde 2014 (atrás apenas de 2021, quando o percentual foi 18,65%).

Para 2023, espera-se um crescimento superior ao que está sendo projetado para a economia nacional, com a geração de novos negócios e a criação de novas oportunidades profissionais. Os tipos e estilos de imóveis que poderão ser mais atrativos e procurados, são imóveis com mais espaço, com home office, quintal, em áreas tranquilas e afastadas dos grandes centros, além de imóveis compactos, com boa localização e de fácil acesso.

O governo federal tem incentivado o mercado imobiliário com novas ações e benefícios para as famílias, como o programa Minha Casa Minha Vida, como citado anteriormente.

 

Principais destaques regionais:

  1. Abertura de empresas
  2. Emprego e renda
  3. Análise setorial
  4. ICETEC

 

1. Abertura de empresas em Caruaru

O município de Caruaru apresentou um recorde na abertura e no saldo de empresas no ano de 2022, valor influenciado especialmente pelo grande número de empresas abertas (741) no mês de setembro. O reflexo desse movimento de formalização pode ser observado se comparado aos anos anteriores, no ano de 2022 foram abertas 3.910 empresas no município, um valor 65% maior que a média anual (2.360 aberturas).

Ademais, observa-se, também, o maior saldo positivo (entre abertura e fechamento) de empresas no ano 2022 da série histórica iniciada em 2017 (+3.596), um valor superior a 35% do recorde anterior, que era do ano de 2021 (+2.929).

Esse resultado se deve especialmente ao boom na abertura de empresas no território caruaruense entre os meses de agosto e outubro em que foram abertas 1.530 empresas, um pouco mais de 50% de todo o ano de 2021. Os dois primeiros meses de 2023 apresentaram bons dados, foram abertas mais de 600 empresas no município nos meses de janeiro e fevereiro.

 

2. Geração de empregos em Caruaru

Segundo dados do Caged, Caruaru apresentou um saldo anual em 2022 de +1.696 empregos, representando um aumento em 2% no estoque de empregos da cidade, e o destaque anual municipal se deve, principalmente, pelo ótimo segundo semestre que demonstrou um saldo de +1.415. O melhor mês do ano, em termos de saldo, foi o de outubro (+503).

Em relação ao número de admissões, 31.458 novos vínculos empregatícios foram formalizados no município durante o ano, com destaque para o setor de Indústria que apresentou a maior variação positiva no estoque de empregos (+4%), o dobro da média municipal. E, para os setores de Serviços e Comércio que demonstraram saldos anuais de +685 e +546, respectivamente.

Partindo para uma análise mais detalhada, durante o ano de 2022, a faixa etária que concentra o maior saldo de empregos é entre ‘18 e 24 anos’ (+2.635 empregos), o grau de escolaridade com maior saldo é ‘Médio Completo’ (+1.651 empregos) e o CNAE com maior número de saldo é ‘Trabalhadores dos Serviços, Vendedores do Comércio em Lojas e Mercados’ (+742 empregos).

Evolução dos empregos formais em Caruaru

3. Análise Setorial

3.1 Comércio

Segundo dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), o setor do comércio apresentou, em 2022, uma variação positiva de 1%, enquanto a receita do setor aumentou em 14,1%, ao se comparar com os valores de dezembro de 2022 com os de 2021, ainda assim, 2022 foi superior em 0,4% de volume e 10,2% em receita nominal.

Enquanto isso, o comércio pernambucano, durante o ano de 2022, diminuiu seu volume em 4,1% em relação ao ano de 2021, contudo aumentou a receita em 7,8%, em relação aos meses de dezembro, 2022 foi 1,3% inferior a 2021 em volume e 6,2% superior ao ano anterior.

3.2 Serviços

Em 2022, o setor de serviços, segundo a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), apresentou um crescimento de 8,3% em seu volume, enquanto a receita nominal aumentou em 15,5% durante o ano, especificamente no mês de dezembro, apresentou um aumento de 3,1% em relação ao mês anterior, enquanto a receita mensal nominal cresceu em 2,1%. O estado de Pernambuco apresentou um aumento de 11,2% em volume e 21,8% em receita no setor.

Em relação às atividades turísticas, no ano de 2022, cresceu em 29,9% seu volume e a receita nominal aumentou em 48,2%, ao comparar os meses de dezembro de 2022 e 2021, as atividades cresceram em 12,6% e a receita aumentou em 24,6%. Enquanto Pernambuco aumentou em 16,1% seu volume e 36,8% sua receita nominal.

3.3 Indústria

Segundo a Pesquisa Industrial Mensal (PIM), o setor da indústria apresentou diferentes variações em suas seções no mês de dezembro de 2022, tendo a produção da ‘Indústria Geral’ estagnada (0,0%), enquanto a ‘Indústria da Transformação’ apresentou um leve aumento de 0,3% e a ‘Indústria Extrativa’ caiu em 1,1%.

Os destaques positivos da pesquisa vão para os setores de ‘Fabricação de Produtos Farmoquímicos e Farmacêuticos’ (+9,1%), ‘Confecções de Artigos do Vestuário e Acessórios’ (+8%) e ‘Fabricação de Móveis’ (+7,6%), enquanto os negativos para os setores de ‘Preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos para viagem e calçados’ (-13,2%) e ‘Fabricação de Bebidas’ (-9,3%).

Os destaques estaduais em relação a produção industrial vão para Mato Grosso (+5,8%), Amazonas (+5,6%) e Ceará (+4,3%), enquanto Espírito Santo (-6,8%), Minas Gerais (-4,9%) e Goiás (-3,7%) foram destaques negativos, o estado de Pernambuco apresentou uma produção industrial 2,7% superior ao mês de novembro, acima da média regional nordestina de +0,6%.

 

4. Índice do Setor Têxtil e de Confecções

Segundo dados do Índice de Confiança do Empresário do Setor Têxtil e de Confecções (ICETEC), o empresariado pernambucano dos setores têxteis e de confecção apresenta um elevado grau de otimismo (62,14 pontos) em março de 2023, tanto na sua percepção das ‘Condições Atuais’ apresentando 51,28 pontos (valor próximo à fronteira de otimismo, em que abaixo de 50 pontos é considerado pessimismo do empresariado), quanto nas suas ‘Expectativas’ para os próximos seis meses (62,14 pontos), comparando o nível de otimismo local com a pesquisa nacional mais semelhante, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI), da Conferência Nacional da Indústria (CNI), é perceptível um maior otimismo do empresário local (62,14 pontos ante 49,9 pontos do empresariado nacional), ficando acima tanto na percepção de condições atuais quanto nas expectativas (e seguindo a tendência estadual de que a percepção de condições atuais são mais baixas que as expectativas para os próximos seis meses).

 

Elaboração:

Pedro Neves Holanda, economista na PHNeves Consultoria (Pernambuco) e SG Capital (Alagoas). Colunista na Rádio CBN.

Jhonattan Washington
Graduando em Ciências Econômicas

Matheus Guilherme

Graduando em Ciências Econômicas